segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Relatório da PF sobre tríplex de Lula é fraco - ÉPOCA ! É fraco o relatório da Polícia Federal sobre o caso do tríplex ligado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É fraco o relatório da Polícia Federal sobre o caso do tríplex ligado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O documento, divulgado na sexta-feira (26) e assinado pelo delegado Márcio Anselmo, um dos principais investigadores da Lava Jato, apresenta indícios consistentes, embora já conhecidos, de que a empreiteira OAS reservou e reformou o apartamento no Guarujá especialmente a gosto de Lula e da família dele. Deixa – ainda mais – evidente que o ex-presidente mantém uma versão quase malufiana sobre a propriedade do tríplex e, por consequência, acerca da natureza da relação do petista com o empreiteiro Léo Pinheiro. O relatório, porém, falha no que lhe é mais essencial: demonstrar que o caso do tríplex envolve corrupção e lavagem de dinheiro – e que Lula e os demais indiciados cometeram esses crimes. As evidências colhidas pelos peritos da PF mostram que a OAS reformou e mobiliou o apartamento no Guarujá em 2014, ao custo de R$ 1,1 milhão. Há abundantes mensagens de WhatsApp, trocadas entre diretores da OAS, em que esses gastos são associados a Lula e à família dele. Nelas, confirma-se que os executivos da empreiteira, em especial o arquiteto Paulo Gordilho, tocaram as reformas no apartamento em função das orientações recebidas da família de Lula. Tudo em segredo – e tudo sempre bancado pela OAS. “Manda bala”, é o que escreveu Léo Pinheiro a um subordinado, para autorizar as reformas no tríplex pedidas pela mulher de Lula (Madame, nas mensagens). A OAS apelidou de Zeca Pagodinho os projetos de reforma dos imóveis de Lula. (A empreiteira também participou das obras no famoso sítio em Atibaia, que estão sendo investigadas em outro inquérito.) Essas e outras evidências tornam insustentável a versão de Lula sobre o caso. O ex-presidente mantém até hoje que desistiu de comprar o tríplex – e que, se a OAS fez reformas no apartamento, não foi a pedido dele ou da família. Em março, quando foi obrigado coercitivamente a depor, Lula disse que não conhecia o arquiteto Paulo Gordilho. No entanto, há fotos no celular de Gordilho ao lado de Lula, num churrasco oferecido pelo petista a ele e a Léo Pinheiro no sítio de Atibaia. O relatório da PF registra essa contradição. Registra também como a OAS tentou esconder que bancara, por R$ 1,3 milhão durante cinco anos, a armazenagem dos bens de Lula – segundo a defesa do ex-presidente, presentes recebidos quando ele estava no Planalto. Trecho do indiciamento de Lula pela Polícia Federal (Foto: reprodução) Trecho do indiciamento de Lula pela Polícia Federal (Foto: reprodução) A fragilidade do relatório, portanto, não se encontra nas evidências descritas nas 59 páginas do documento. Encontra-se nas lacunas da peça. Por Diego Escoteguy

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